A Letra e o Espírito


A Letra mata

Certa feita Jesus afirmou:

"As palavras que eu vos disse são espírito e vida"
(Jo 6:63)

No mesmo diapasão, o apóstolo Paulo reiterou:

"A minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder"
(1Co 2:4)

Já na segunda epístola aos coríntios, o apóstolo Paulo disse que foi Deus quem o fez capaz de ser ministro:

“... de um novo testamento, não da letra, mas do espírito”
(2Co 3:6)

Porque o apóstolo Paulo foi constituído ministro de um novo testamento?
A resposta é clara: “Porque a letra mata e o espírito vivifica" (2Co 3:6).

Ora, se as palavras ditas por Cristo são “espírito e vida”, qual “letra” mata? Se o “espírito que vivifica” é o mesmo que as palavras de Cristo, como é possível a alguém que analisar tais palavras encontrar morte?

R: É evidente que a “letra” que o apóstolo Paulo faz referência não diz do evangelho de Cristo. As palavras e a pregação do apóstolo Paulo não é o mesmo que a “letra” que mata.

No verso: “Porque a letra mata e o espírito vivifica" (2Co 3:6), o apóstolo Paulo estava demonstrando aos cristãos de Corinto que ele era ministro de um novo testamento “Como não será de maior glória o ministério do Espírito?” (2Co 3:8), ou seja, ministro do testamento do Espírito que vivifica "Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão em espírito vivificante" (1Co 15:45), o que contrasta com o velho testamento, que é o testamento da “letra“Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las” (Gl 3:10).

A “letra” é uma referência “polida” que o apóstolo Paulo faz à lei que foi entregue ao povo por Moisés, e que não tinha poder de conceder vida, escrita com tinta em tábuas de pedras “Ora, a lei não é da fé; mas o homem, que fizer estas coisas, por elas viverá.” (Gl 3:12), pois a própria tinta em pedras especificava os não cumpridores de malditos:

"Maldito aquele que não confirmar as palavras desta lei, não as cumprindo. E todo o povo dirá: Amém”
(Dt 27:26).

Em seguida o apóstolo Paulo demonstra que os cristãos eram a carta de Cristo “Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração.” (2Co 3:3), carta esta ministrada pelos apóstolos e escrita com o Espírito do Deus vivo. Ele destaca que os cristãos, na condição de cartas, não foram redigidos com tinta, antes, com o Espírito. Não em tabuas de pedras, mas no coração.

Vale destacar que, com as palavras tinta, tábuas, pedras, coração, etc., o apóstolo Paulo criou uma alegoria para demonstrar que o ministério da lei dada ao povo por intermédio de Moisés era transitório e da morte, uma vez que as letras foram gravadas com tinta em pedras, e não no coração dos homens:

E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos na face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, a qual era transitória,”
(2Co 3:7).

Portanto, o que mata é a letra da lei gravada em pedras, e não a palavra ministrada pelo apóstolo Paulo e por Cristo, pois a palavra de ambos é espírito e vida, pois é gravada no coração daqueles que crêem na palavra anunciada.


O Espírito Vivifica
 
O que vivifica o homem?
As palavras que foram proferidas por Cristo, conforme se depreende de João 6:63: “O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos disse são espírito e vida.. Cristo é o Verbo de Deus, a palavra encarnada, o espírito que concede vida, o último Adão, o espírito vivificante, a semente incorruptível:

"Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre"
(1Pe 1:23)

Cristo é a palavra de Deus revelada aos homens, viva e que permanece para sempre, pois:
“Ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente”
(Hb 13:8)

Quando deu início ao seu ministério, Jesus anunciou:

"O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados do coração"
(Lc 4:18).

Jesus foi ungido a evangelizar os necessitados de comunhão com Deus (pobres), e por isto, o Espírito de Deus estava sobre Ele.

Ciente destas considerações, as pregações do apóstolo Paulo sempre tiveram o intuito de apresentar aos homens o Pai e o Filho, respectivamente Espírito e poder:
"A minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder"
(1Co 2:4)

Em suas pregações o apóstolo procurava demonstrar que Deus é o Espírito, e o que realmente importa aos homens:

“Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” (Jo 4:24).

O apóstolo dos gentios exaustivamente demonstrou que a lei (que é transitória) não é o meio pelo qual o homem adora a Deus em espírito e em verdade, antes, que só é possível adorar através do poder de Deus, o que o motivava anunciar aos judeus e aos gregos: Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus:

"Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus”
(1Co 1:24)

Mesmo na lei há testemunho vivo do ministério do espírito, pois Moisés alertou os seus ouvintes que seria levantado um profeta, e que Ele deveria ser ouvido pelos seus compatriotas:

"O SENHOR teu Deus te levantará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis"
(Dt 18:15)

Na lei também estava estipulado o que realmente concede vida aos homens é tudo o que procede da boca de Deus:

"E te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conheceste, nem teus pais o conheceram; para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas de tudo o que sai da boca do SENHOR viverá o homem"
(Dt 8:3).

Mas, tudo que Deus realizou para que os ouvintes da lei entendessem, não entenderam, ou seja, que na sua palavra há vida, sabedoria e poder. Bastava crerem na palavra que lhes era anunciada, porém, rejeitaram “ouvir” e se propuseram realizá-la:

“Então todo o povo respondeu a uma voz, e disse: Tudo o que o SENHOR tem falado, faremos. E relatou Moisés ao SENHOR as palavras do povo” (Ex 19:8);

"E disseram a Moisés: Fala tu conosco, e ouviremos: e não fale Deus conosco, para que não morramos" (Ex 20:19)

O povo de Israel rejeitou ouvir o Senhor “... não fale Deus conosco, para que não morramos" (Ex 20:19), e como conseqüência não compreenderam o que Cristo anunciou a toda humanidade.

Quando Ele voltou ao Pai, enviou o Consolador, o Espírito de verdade, que haveria de guiar os seus seguidores em toda a verdade:
"Mas, quando vier aquele, o Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir"
(Jo 16:13)

A palavra de Deus foi revelada através dos profetas e personificada no Filho Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho,(Hb 1:1), e a função do Espírito Santo é guiar os discípulos de Cristo em toda a verdade.

 Revelações

Alardear que não é possível ao homem compreender a bíblia, uma vez que o entendimento da palavra é revelado pelo Espírito Santo é temerário, principalmente quando utilizam a citação: “A letra mata e o espírito vivifica”, como sendo algo que lhes foi revelado pelo Espírito Santo.

A própria revelação que possuem apresenta um entendimento equivocado quanto a verdadeira interpretação do versículo, o que não é próprio ao Espírito da verdade.

É estratégico alegar que a palavra de Deus é revelada pelo Espírito Santo, pois através deste artifício é fácil distorcer a bíblia com interpretações “particulares”, e, por fim, alegar que se está sendo supervisionado pelo Espírito Santo:

Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação.
(2Pe 1:20)

A bíblia é clara quanto à função do Espírito Santo: “Ele vos guiará em toda a verdade” (Jo 16:13), porém, atribuir uma nova função ao Espírito, que seria atualizar o entendimento da palavra “dentro de um contexto profético” é descabido.

Porém, levando-se em conta o que dizem, destacamos que:

Desde o Antigo Testamento Deus procurou alcançar o entendimento dos homens:

“E te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conheceste, nem teus pais o conheceram; para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas de tudo o que sai da boca do SENHOR viverá o homem.”
(Dt 8:3)

Jesus alerta que a compreensão é essencial a salvação:

“Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem”
(Mt 13:13)

“Mas, o que foi semeado em boa terra é o que ouve e compreende a palavra; e dá fruto, e um produz cem, outro sessenta, e outro trinta”
(Mt 13:23)

O apóstolo Paulo sempre orou a Deus para que os cristãos compreendessem o amor de Deus


“Poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade”
(Ef 3:18)

Qualquer que compreende a palavra do Senhor está em comunhão com Deus, e qualquer que esteja em comunhão, compreendeu. Não há como desvincular a compreensão da comunhão.
E no que consiste a comunhão com Deus?
Ser gerado de novo tornando-se uma nova criatura, tornando-se participante da natureza divina, o que é possível somente através do lavar regenerador da palavra, que é semente incorruptível:

“Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas”
(1Pe 1:2)

“Purificando as vossas almas pelo Espírito na obediência à verdade, para o amor fraternal, não fingido; amai-vos ardentemente uns aos outros com um coração puro”
(1Pe 1:22)

“Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre”
(1Pe 1:23)

“Para uma herança incorruptível, incontaminável, e que não se pode murchar, guardada nos céus para vós”
(2Pe 1:4);

Cristo é o pão vivo que desceu do céu e que dá vida aos homens, o que contrasta com o maná no deserto, que todos comeram, mas morreram no deserto. O verdadeiro pão do céu é Cristo, que dá vida aos homens:

Este é o pão que desceu do céu; não é o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre.”
(Jo 6:58)

Felizmente não são as profecias que alimentam a alma do homem, antes é Cristo o verdadeiro alimento, o cumprimento das Escrituras.

O que os cristãos entendem acerca das Escrituras não é o mesmo que ‘letra’, pois ‘letra’ refere-se aquilo que o povo de Israel entendia da lei. Para eles, as Escrituras tornaram-se em morte, porque em vez de ‘ouvirem’ e ‘creremn’Aquele que realiza todas as coisas, se propuseram a fazer. Para os cristãos as Escrituras testificam de Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus, portanto, pão vivo que desceu dos céus e que dá vida aos homens;

As opiniões e as práticas que há no mundo não é o que conduz o homem a morte. O que conduz o homem à perdição é o caminho largo que o homem acessou após ter entrado pela porta larga, que é ser gerado de Adão:

“Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela”
(Mt 7:13)

Há inúmeros caminhos, opiniões, práticas, filosofias, etc., porém, nenhum desses caminhos refere-se ao caminho largo que conduz a perdição. Apesar de haver caminhos que ao homem parece direito, ao cabo dá em morte, porque ele começou a trilhar o caminho que leva a perdição desde a madre:

“Alienam-se os ímpios desde a madre; andam errados desde que nasceram, falando mentiras”
(Sl 58:3)

“Eis que em iniqüidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe”
(Sl 51:5 );

O mistério que esteve oculto pelos séculos não depende do serviço ou da fidelidade do homem a Deus; o mistério que foi revelado em Cristo refere-se a igreja, que é a união de dois povos: gentios e judeus:

“Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio”
(Ef 2:14)

“A saber, que os gentios são co-herdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho”
(Ef 3:6)

“Regozijo-me agora no que padeço por vós, e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja”
(Cl 1:24)

“O mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, e que agora foi manifesto aos seus santos”
(Cl 1:26);

Cristo não veio resgatar os homens de uma existência temporal e da infelicidade; Jesus veio resgatar o que havia se extraviado: todos os homens!

“Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só”
(Rm 3:12)

É por isso que Deus amou o mundo de tal maneira que Deus o seu Filho unigênito. Jesus não veio somente conceder uma existência eterna, antes Ele veio compartilhar da Sua natureza com aqueles que crêem, que é vida em abundância, embora o homem compartilhará pela eternidade desta comunhão com o Pai e o Filho:

“E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um.”
(Jo 17:22)

Santificação não é o mesmo que arrependimento. É comum entender que arrependimento refere-se a uma mudança de atitude, de comportamento, porém, a palavra grega traduzida por arrependimento refere-se a uma mudança de concepção, de ponto de vista, ou de pensamento. Por exemplo: Qualquer judeu que deixe de acreditar que será salvo por causa da “letra” da lei, ou porque é descendente da carne de Abraão, e vir a crêr em Cristo, arrependeu-se, ou seja, mudou de concepção, de pensamento, de ponto de vista. Arrependimento é deixar de pensar como se pensava

"E não presumais (pensar), de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão"
(Mt 3:9)


Como é estar em Cristo?
R: É ser uma nova criatura!

Como é ser uma nova criatura?
R: É estar em Cristo!

“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”
(2Co 5:17)

É neste sentido que o Espírito vivifica: “As palavras que eu vos disse são espírito e vida” (Jo 6:63), pois Cristo, o último Adão é espírito vivificante.

A ação do Espírito Santo não é falar de si mesmo, e sim guiar o homem em toda a verdade, ou seja, a Cristo, pois Ele é o caminho, a verdade e a vida.

Este verso: “Porque a letra mata e o espírito vivifica”, nem mesmo pode ser atribuída a uma pessoa que lê a bíblia como sendo um livro comum “O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica.” (2Co 3:6), pois o sentido do texto estaria sendo alterado, uma vez que o apóstolo Paulo ao entregar esta mensagem a Igreja de Corinto estava demonstrando a impossibilidade da Lei (Mosaica) salvar alguém.

A lei apenas mostra ao homem a sua incapacidade de agradar a Deus, dessa forma a “letra”, o mesmo que “Lei”, mata, ou melhor, mesmo que se busque cumprir rigorosamente a lei, a exemplo de Nicodemos, para Deus o homem continua no mesmo estado que nasceu: morto.

Para cumprir a lei é necessário ao homem ouvir e crer na palavra de Deus “E disseram a Moisés: Fala tu conosco, e ouviremos: e não fale Deus conosco, para que não morramos“ (Ex 20:19), e não se propor em realizá-la, como fez o povo de Israel "Veio, pois, Moisés, e contou ao povo todas as palavras do SENHOR, e todos os estatutos; então o povo respondeu a uma voz, e disse: Todas as palavras, que o SENHOR tem falado, faremos" (Ex 24:3).

Dentro do seu contexto, esta linha de 2 Coríntios 3, verso 6 expressa um contraste importante entre a impossibilidade do sistema do Velho Testamento e a suficiência de Cristo para salvar o homem do pecado, condição que a humanidade herdou em Adão.

A "letra" representa o "ministério da morte, gravado com letras em pedras" que foi dado aos israelitas através de Moisés:

“E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos na face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, a qual era transitória”
(2Co 3:7

“Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração”
(2Co 3:3)

O “Espírito” representa a nova aliança de Cristo, revelada através do Espírito Santo e escrita em nossos corações:

“Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração.
E é por Cristo que temos tal confiança em Deus;
Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus,
O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica.
E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos na face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, a qual era transitória,
Como não será de maior glória o ministério do Espírito?”
(2Co 3:3-8)

O apóstolo Paulo procurou demonstrar que, mesmo que o homem conseguisse cumprir/guardar toda a letra (613 leis, mais os 10 Mandamentos), não alcançaria a salvação, ou seja, para Deus ele ainda estaria morto por ser filho de Adão, ou seja, por não ter sido gerado de Deus.

É salutar que se entenda que, em Adão, toda a humanidade nasce (é gerada) destituída da gloria de Deus “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3:23), e que para restabelecer a comunhão com Deus “E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um.” (Jo 17:22), a exemplo de Nicodemos, é necessário nascer (ser gerado) de novo, da Água (palavra) e do Espírito (Deus).
Ao ouvir e aceitar o evangelho de Cristo rejeita-se qualquer outra doutrina (arrependimento). Quando se crê na mensagem anunciada o velho homem “morre” com Cristo e é sepultado, ou seja, o homem é batizado na morte de Cristo, no verdadeiro e único batismo para salvação Um só Senhor, uma só fé, um só batismo (Ef 4:5), cumprindo a lei de Deus: “A alma que pecar, essa morrerá” (Ez 18:4).
Não podemos confundir arrependimento, que é mudança de conceito, ou mudança de entendimento acerca de alguma matéria, com arrependimento de obras mortas. Os homens por estarem mortos, o mesmo que imundos diante de Deus, praticam obras mortas, ou seja, imundas. A maioria dos homens se arrependesse dos seus erros, porém, não passa de arrependimento de obras mortas, o que não é o mesmo que arrepender-se (mudança de entendimento) porque é chegado o reino dos céus.

Quando o novo homem ressurge dentre os mortos para a glória de Deus, é justificado, ou seja, a nova criatura é declarada justa por Deus por ser participante da natureza divina.

O novo homem é justificado não por suas obras (guardar dia, fazer coisas boas, jejum, orações, caridade, descendência de Abraão, ser participante de uma denominação, etc.), antes, porque ao ser gerado por Deus em Cristo, torna-se participante do corpo e do sangue de Cristo Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.” (Jo 6:54-56), e por ter sido criado em verdadeira justiça e santidade “E vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade.” (Ef 4:24), compartilha da natureza divina. A nova criatura, ou o novo homem por ter sido criado JUSTO é declarado justo por Deus.

Tudo ocorre através da maravilhosa obra de Deus, a regeneração, através do Descendente, que é Cristo. Através do último Adão, que é Cristo são gerados os filhos de Deus. Filhos nascidos, não da carne, nem do sangue, e nem da vontade do varão, mas da vontade de Deus:

“Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome”
(Jo 1:12)

Para que os filhos de Deus sejam gerados, há a necessidade de nascerem da palavra e do Espírito de Deus. Nascer de Deus só é possível por meio da pregação do evangelho que é semente incorruptível e poder de Deus pela fé em Cristo. Por isto que “o espírito vivifica”, por que ele dá vida a quem está morto.

No mesmo contexto de 2 Coríntios 3 o apóstolo Paulo enfatiza a importância da palavra revelada por Cristo contrastando-a com a ‘letra’. Ele destaca o valor da palavra de Deus “Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade.” (2Co 4:2), da verdade, do conhecimento da glória de Deus Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo.(2Co 4:6) e da liberdade em Cristo, pois a sua palavra é Espírito e poder:

“Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.”
(2Co 3:17).
 
 A lei ainda vigora?
R: NÃO!, de maneira alguma, pois Cristo cumpriu a lei para que por intermédio d’Ele tenhamos vida:

“Mas os seus sentidos foram endurecidos; porque até hoje o mesmo véu está por levantar na lição do velho testamento, o qual foi por Cristo abolido;”
(2Co 3:14)

É bom lembrar que, quando Jesus morreu na cruz o véu do templo se rasgou de alto a baixo. Isto estabeleceu o fim da lei, pois a partir daquele momento o templo de Deus passou a ser os nossos corpos, onde Deus habita através do Seu Espírito:

“Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada.”
(Jo 14:23)

“Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo.”
(1Co 3:17)

O véu que foi rasgado significa que a lei foi abolida:

“Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê.”
(Rm 10:4)


Deus abençoe a todos!
Em nome do Senhor Jesus!
Amém!

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